quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Cidade lixo

Não estou nem aí pra quem me chama de revoltado, pois eu sou mesmo. Como não se revoltar com tudo o que há de errado nesse nosso país, principalmente nessa cidade (Fortaleza), de onde posso ter prioridade para falar. Quem não se revolta é porque já está acomodado, já foi tomado por essa cultura de cidade sem lei. Não consigo simplesmente viver sem ter um pensamento crítico sobre as coisas, sobre as pessoas, sobre os atos das pessoas, enfim. Às vezes me pergunto se essas pessoas (as que não se revoltam) são mais felizes por não pensarem profundamente sobre as coisas, por simplesmente viverem suas vidas, em bolhas. É o que parece, mas prefiro acreditar que não, isso não pode ser legal.

Como o título do post já diz, vamos falar de lixo. Você já parou para prestar atenção no quão suja é essa cidade? Alguém pode me dizer o que há de tão lindo em Fortaleza, além das belas fotografias de uma Fortaleza bela - para os ricos - e mascarada. O Brasil é expert em fazer isso, mascarar a realidade, colocar as coisas ruins embaixo do tapete e fingir que temos um país sem problemas e cheio de magia. Continue sentada Cláudia. Ah, e o que é pior ainda, tratar os problemas, as mazelas, como patrimônio cultural. Não, uma favela não deve ser patrimônio cultural. As favelas são problemas, elas não trazem crescimento algum para o país. Já foram "tombadas", são patrimônio, e o governo não está nem preocupado em resolver o problema de milhões de famílias que vivem sob condições precárias, muitas vezes miseráveis. Resolver o problema. Que problema né? É tudo tão lindo. Deixa os pobres sofrendo lá no lugar deles e nós (os "poderosos") ficamos aqui no nosso lugar. Assim é e assim será. Amém.


E vamos à minha maior indignação, em relação ao assunto "lixo". Peço desculpas, mas tenho mania de contexto. Preciso contextualizar os leitores ao meu pensamento, para que eu possa entrar no assunto principal do post. Pois bem, ontem fui ao dentista, como de costume, no centro da cidade (sem comentários sobre o centro agora, ele virá em outro post, um dia). Na volta, no ônibus, estava eu sentado e observando a "paisagem", quando acontece o que me deixa com vontade de destruição. Uma pessoa imunda, sem o mínimo de educação, ou por safadeza mesmo, joga uma embalagem de pipoca doce (vazia) pela janela. Gente, o que me deixa mais indignado é a automaticidade do movimento e da falta de culpa de uma pessoa assim. Já vivemos em uma cidade tão cheia de problemas, mas as pessoas, não satisfeitas com tanta desgraça, ainda ajudam manter sempre vivo o problema da sujeira, da imundice de Fortaleza. O pior é que ainda reclamam da sujeira que elas mesmas cultivam. E olhe que isso acontece o tempo todo, é cultural já, automático. Já presenciei um ser jogando um coco pela janela do ônibus, no meio de uma avenida super movimentada. Isso não pode ser visto como normal.


Se está pensando que tenho nojo dessa cidade e das atitudes de grande parte da população, SIM, EU TENHO. Eu não me orgulho nem um pouco da grande variedade de coisas erradas que presenciamos e não abrimos nem a boca para reclamar. Me orgulho de coisas boas. É muita hipocrisia ficar se orgulhando das praias, do sol, do forró e de sei lá mais o quê, enquanto estamos destruindo tudo isso. Pior ainda se orgulhar de coisas que nem nossas são. Uma cidade atrasada como essa, tem muita coisa ainda para mudar, começando pela educação da população, o que é mais difícil. Porém, todos sabem que é bem mais fácil de manipular uma população ignorante, nada crítica, fútil, que uma população de pessoas informadas, conhecedoras e revoltadas com a situação em que vivem.


É isso. O que eu sugiro? Vamos educar essas pessoas através dos seus atos errados, de forma bem simples. Podemos fazer uma espécie de campanha contra a falta de educação da população de Fortaleza: "A rua não é lixeira". Toda vez que ver algum ser jogando lixo na rua, por que não falar? "Ei pessoa, a rua não é lixeira". E se possível dar o exemplo, pegando o lixo desse ser e colocando em seu devido lugar. É bem difícil, pelo menos no meu caso, ser paciente com alguém assim, mas é necessário. O importante é falar bem, calmamente, mas fazendo a pessoa sentir vergonha de si, de preferência na presença de outras pessoas. É uma atitude simples e que cada um pode fazer, é só querer e reconhecer a importância dessa atitude. 


Até o próximo.
Michell Barros
Calar é para os fracos


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